sábado, 23 de maio de 2009

Comparativo de Gripe Aviária e Gripe Suína.





Clique nos gráficos para ver em tamanho maior.
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Através destes gráficos podemos ter uma idéia do que está ocorrendo em relação a gripes aviária e a suína. Elas são completamente diferentes em relação ao "comportamento". No primeiro gráfico temos as categorias casos, mortes, países e letalidade distribuídos pelos anos em que o H5N1 tem acometido pessoas. Em 2003 o H5N1 acometeu 4 pessoas e matou todas, 100% de letalidade e apenas dois países atingidos. Os dados mais recentes mostram o H5N1 infectou 429 pessoas, matou 262, acometeu 15 países e teve uma taxa de letalidade média de 61% distribuídos em 7 anos. Neste ano, até o momento, a gripe aviária infectou 34 pessoas, matou 12, acometeu 3 países e apresentou uma taxa de letalidade de 35%. Como o H5N1 praticamente não possui transmissão de pessoa para pessoa sua progressão é limitada, assim as curvas do gráfico parecem ser ao acaso não formando uma curva padrão.
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No gráfico da gripe suína vemos as mesmas categorias citadas, porém, distribuídas por dias. O gráfico se inicia em 26 de abril porque é a partir deste dia que temos informações mais consolidadas sobre o H1N1. Neste dia tínhamos apenas 38 pessoas infectadas, nenhuma morte confirmada e dois países afetados. Hoje, a gripe suína já acometeu 12.022 pessoas, matou 86 e acometeu 43 países. No gráfico é possível ver uma curva crescente com o número de casos, mortes e quantidade de países afetados aumentando. A única categoria que teve um declínio foi a letalidade, que hoje parece estar estabilizada em torno de 0,7%.
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Como comentado em um post abaixo, a gripe espanhola começou do mesmo modo, no entanto um ano depois, a sua taxa de letalidade estava entre 2 e 4%. Alguns cientistas acreditam que se a gripe aviária começar a ser transmitida de pessoa para pessoa a sua taxa de letalidade irá diminuir. Por outro lado, a gripe suína pode sofrer mutação e ter sua taxa de letalidade aumentada e aí sim se equiparar a gripe espanhola. Portanto, temos dois subtipos de gripe que podem reviver o drama que ocorreu em 1918 com a gripe espanhola, o H5N1 (gripe aviária), se este se tornar eficiente em sua transmissão e o H1N1 (gripe suína) se começar a matar entre 2 e 4% das pessoas que infectar.
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Os dados para a montagem do gráfico são da Organização Mundial da Saúde.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Egito confirma 4 novos casos e uma mortes devido a gripe aviária.

A Organização Mundial de Saúde informou hoje quatro novos casos humanos de gripe aviária e uma morte no Egito.
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O primeiro caso é de um menino de 4 anos de idade morador da província de Sharkia. Seus sintomas começaram no dia 10 de maio e foi internado no dia seguinte. Seu estado de saúde é estável.
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O segundo caso é de um garoto de 3 anos de idade morador da província de Gharbia. Seus sintomas começaram no dia 12 de maio e foi internado no dia 15. Seu estado de saúde é estável.
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O terceiro caso é de um menino de 4 anos de idade morador da província de Dakahlia. Seus sintomas começaram no dia 18 de maio e foi internado no mesmo dia. Seu estado de saúde é estável.
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O quarto caso é de um garoto de 3 anos de idade morador da província de Sohag. Seus sintomas começaram no dia 17 de maio e foi internado no dia seguinte. Seu estado de saúde é estável.
Investigação epidemiológica indicou que a fonte de infecção dos casos acima foi o contato com aves doentes ou mortas.
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A morte devido ao vírus H5N1 foi o de uma menina de 4 anos. Ela moradora na província de Dakahlia. Seus sintomas se iniciaram no dia 9 de maio, ela foi internada em 17 de maio. No entanto, devido o estado avançado da doença ela morreu no dia seguinte a sua internação. A fonte viral foi a mesma dos casos acima.
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Mais uma vez parece que é comum no Egito os pais deixarem as crianças brincarem com frangos doentes e mortos. Este ano, quase todos os casos de gripe aviária foram desenvolvidos por crianças pequenas (abaixo dos 6 anos de idade).

No mapa está em vermelho as províncias que apresentaram os casos mais recentes de gripe aviária em pessoas. Em rosa está marcada a província que teve a morte mais recente e em laranja as demais províncias que relataram casos humanos de H5N1.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Gripe suína, casos, mortes, países afetados e letalidade.


Click no gráfico para ampliar.


Atualização sobre a gripe suína. Gráfico mostrando o número de casos (11.034), mortes (85), a quantidade de países afetados (41) e a taxa de letalidade. Os dados são da Organização Mundial de Saúde e estão atualizados (21/05/2009). O mais interessante neste gráfico é o dado sobre a taxa de letalidade (quantidade de mortes por número de infectados) que mostra uma queda enquanto os outros índices sobem. Vamos postar novos gráficos de acordo com a disponibilização de novos dados.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Gripe suína e a gripe comum, qual a diferença se ambos são H1N1? Histórico do subtipo H1N1.

Muitas pessoas devem ter dúvidas sobre as diferenças entre a gripe suína e a gripe comum se ambas pertencem ao subtipo H1N1.
A diferença entre o H1N1 da gripe comum e a gripe suína esta em suas proteínas de superfície que apesar de serem do mesmo subtipo possuem diferenças suficientes em sua estrutura para impedir que o sistema imunológico do hospedeiro reconheça este novo vírus e o combata. É também devido a essas diferenças que a vacina da gripe comum, que é dada todos os anos, não protege contra a gripe suína mesmo que ambas sejam do subtipo H1N1. Vamos a um breve histórico para ver as diferenças de "comportamento" do subtipo H1N1 ao longo da história.
Para explicar quais são as essas diferenças temos que voltar em 1917, um ano antes da grande pandemia que matou mais de 40 milhões de pessoas no mundo e varreu do mapa vilarejos inteiros. Em 1917 houve uma epidemia ou talvez pandemia, nãos existem dados muito claros sobre isso, provocada por um novo subtipo de vírus da influenza, este novo vírus é um H1N1, só que naquele ano este vírus causava apenas quadros leves de gripe, talvez tenha sido exatamente como hoje, acometimento de um grande número de pessoas, mas com baixa letalidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a gripe suína já acometeu perto de 10 mil pessoas e matou 79 pessoas isto dá 0,8% de letalidade (http://www.who.int/csr/don/2009_05_19/en/index.html). Voltando em 1917, uma gripe que foi também de origem suína onde alguns cientistas afirmam que ela surgiu nos Estados Unidos, ou seja, existem três semelhanças entre a gripe suína de hoje e aquela surgida em 1917. As três semelhanças são: Ambas são do subtipo H1N1, ambas surgiram na América do Norte e ambas vieram de suínos. Mas o interessante é que quem contraiu a gripe de 1917 não pegou a gripe de 1918, a terrível gripe espanhola. Não pegaram porque a gripe espanhola pertence também ao subtipo H1N1. Como em 1917 as mortes foram poucas, esta gripe não chamou a atenção, mas foi ela que imunizou muitas pessoas que passaram incólume pela gripe espanhola. Bem, aí a gripe de 1917 se transformou e em 1918 se tornou uma doença com alto potencial de matar as pessoas. Em dois anos ela se espalhou pelo globo e aniquilou mais de 4o milhões de pessoas. Só no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, a gripe espanhola matou mais de 14 mil pessoas (http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=815&sid=7).
Em 1920 a gripe espanhola sumiu do mapa, desapareceu como se nunca tivesse existido, no entanto, deixando em seu encalço uma fileira de mortos. Tantos doentes e mortos, que no Rio de Janeiro, já não tinha que fizesse caixões, abrisse as covas, enterrasse aqueles que morreram ou atendesse os doentes. Foi um caos que paralisou os serviços necessários de uma vida normal em sociedade. A gripe espanhola sumiu em 1920, mas a história não acaba aqui. Em 1977 ela ressurgiu e foi chamada de gripe russa. A gripe russa que também do subtipo H1N1 infectou principalmente crianças e jovens, sendo os mais velhos menos afetados devido à imunidade adquirida contra este subtipo durante a gripe espanhola. O número de mortes foi pequeno neste ressurgimento do subtipo H1N1, no entanto este subtipo se estabeleceu na população humana e está circulante até hoje, só que hoje esse vírus hoje é comum e não assusta ninguém. Este vírus faz parte da vacina de gripe que dada todos os anos aos idosos aqui no Brasil.
Quando todos os que trabalham com vírus da gripe estavam de olho na gripe aviária, (H5N1) foi novamente o H1N1 que surpreendeu a todos surgindo de repente, matando várias pessoas no México e trazendo preocupação ao mundo. No início, ninguém tinha informações precisas e todos estavam temerosos do surgimento de uma nova pandemia desastrosa como foi à espanhola. O pânico inicial parece ter passado, mas vamos no lembrar do começo dessa nossa história. Não foi assim que o vírus da gripe espanhola surgiu? Em 1917 o subtipo H1N1 surgiu, espalhou-se pela população, porém sem causar muitas mortes, começou mansinho e um ano depois, se tornou extremamente mortal.
Não parece que isto está acontecendo agora? Estão todos de olho nas taxas de letalidade para verem se este novo surgimento do H1N1 está se tornando uma nova gripe espanhola. A diferença de 1918 e hoje, é que naquela época ninguém sabia da existência de vírus e hoje nós até conhecemos seu material genético e podemos produzir vacinas e tratar os doentes. Estamos de olho, porque o pior pode ainda estar por vir.

Ps. A gripe espanhola recebeu este nome porque a Espanha foi o primeiro país da época a noticiar o surgimento de uma doença respiratória altamente letal. Vamos lembrar que em 1918 estava em curso à primeira guerra mundial, e os demais países escondiam a existência da doença para não mostrarem fraqueza frente a seus inimigos temendo que estes pudessem usar esse momento para lançarem um ataque. Foi também devido à primeira guerra mundial que a gripe se espalhou pelo mundo acompanhando a movimentação das tropas seja em combate seja em retorno a seus países de origem. A gripe chegou ao Brasil, mais precisamente em Pernambuco, devido ao retorno de um navio brasileiro que estava em atividade militar em Dakar na África. Durante a primeira guerra mundial o Brasil entrou na guerra e foi solicitado a ele que enviasse uma divisão naval para patrulhar a costa noroeste da África a partir de Dakar e o Mediterrâneo para evitar a ação de submarinos inimigos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Guerra_Mundial).

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Gripe suína e Gripe aviária, qual a diferença?

Apesar da gripe suína povoar os noticiários, e com razão, não podemos deixar de acompanhar o que ocorre com a gripe aviária. O H5N1 continua infectando pessoas, provocando mortes de crianças e adultos e causando prejuízos nos setores avícolas.

Mas qual a diferença das duas gripes? Para responder a essa questão, tenho que falar um pouco de como os vírus da gripe são nomeados e de sua estrutura.

A influenza é batizada de acordo com as propriedades das proteínas que existem em sua superfície. Existem três tipos de influenza, a influenza do tipo A, do tipo B e do tipo C. Os vírus do tipo B quase que exclusivamente infectam seres humanos e não possuem subtipos, os vírus do tipo C também infectam virtualmente somente pessoas e também não possuem subtipos. Mas os vírus do tipo A infectam uma gama muito grande de animais, entre eles estão as aves, os porcos, os cavalos, os felinos, focas, baleias, cachorros, e já foram encontrados anticorpos contra os vírus do tipo A até em serpentes.
É esse tipo que causa os problemas mais graves de saúde e são os vírus pertencentes ao tipo A que podem gerar uma pandemia.

Os vírus do tipo A ainda possuem subtipos devido as diferenças existentes entre as proteínas que mencionei.

Portanto a diferenciação dos tipos e feita através da estrutura do vírus e de suas proteínas externas.

A diferenciação dos subtipos ocorre dentro de um mesmo tipo e é feita de acordo com estas mesmas proteínas.

Os tipos B e C não possuem subtipos porque suas proteínas de superfícies são relativamente semelhantes entre os diferentes isolados independe do local e do ano em que foram identificados.

As proteínas externas do tipo A possuem grandes diferenças de modo que sua classificação é feita de acordo com estas diferenças.

As principais proteínas de superfície dos vírus da gripe são duas; a hemaglutinina e a neuraminidase.

Os vírus do tipo A possuem 16 diferentes hemaglutininas e 9 diferentes neuraminidases. Vamos a um exemplo a gripe suína é do tipo A do subtipo H1N1, ou seja, hemaglutinina do subtipo 1 e neuraminidase do subtipo 1, os vírus da gripe aviária são subtipo H5N1, portanto hemaglutinina do subtipo 5 e neuraminidase do subtipo 1.

Apesar do H5N1 ser chamado de gripe aviária, existem muitos outros subtipos que infectam aves e também podem ser chamados de gripe aviária. No entanto hoje quando se fala de gripe aviária está se falando do subtipo H5N1 devido aos surtos que este subtipo tem causado.

Além da diferença existente entre as proteínas superficiais dos vírus da gripe suína e dos vírus da gripe aviária existe também uma diferença na letalidade, enquanto a gripe suína mata menos de 0,5% das pessoas infectadas a gripe aviária mata cerca de 60% das pessoas que infectam. Outra diferença é que o vírus da gripe suína passa de uma pessoa para outra com facilidade e os vírus da gripe aviária dificilmente é transmitido dessa forma, a gripe aviária só infecta pessoas se elas tiverem contato próximo com aves infectadas ou aves que recentemente morreram devido a infecção pelo H5N1.

Concluindo, os vírus da gripe suína e da gripe aviária pertencem ao tipo A, porém são de subtipos diferentes, o primeiro é do subtipo H1N1 e o segundo é do subtipo H5N1. Em próximos posts falarei mais sobre as diferenças existentes entre os vírus da gripe do tipo A.

Egito confirmaum novo caso e a morte de três pessoas devido a gripe aviária.

A Organização Mundial da Saúde informou no dia 15 de maio mais um caso humano de gripe aviária. Desta vez o H5N1 acometeu uma menina de 5 anos de idade, ela é moradora da província de Sohag. Seus sintomas começaram no dia 7 e sua internação foi feita dois dias depois, onde foi iniciado o tratamento com o antiviral oseltamivir. A menina, segundo investigações epidemiológicas, teve contato com aves infectadas ou mortas antes de seus sintomas se iniciarem. O quadro de saúde da menina é estável. Foi também confirmado pelo ministério da saúde do Egito a morte de três pessoas que estavam em tratamento.

1º - Um menino de 6 anos de idade que morava na província de Qaliobia, ele foi internado no dia 28 de março. Link do post: (http://fluaviaria.blogspot.com/2009/04/organizacao-mundial-da-saude-anunciou.html)

2º - Uma mulher de 33 anos de idade que morava na província de Kfr El Sheikh. Ela foi internada no dia 15 de abril. Link do post: (http://fluaviaria.blogspot.com/2009/04/egito-tem-outro-caso-humano-de-gripe.html)

3º - Uma moça de 25 anos de idade que era moradora da província do Cairo. Ela foi internada no dia 11 de abril. Link do post: (http://fluaviaria.blogspot.com/2009/04/mais-duas-pessoas-infectadas-com-o-h5n1.html)

Fonte: OMS http://www.who.int/csr/don/2009_05_15a/en/index.html

As mortes provavelmente ocorreram devido a demora na administração do antiviral oseltamivir. No primeiro caso o tratamento com o oseltamivir só foi feito 12 dias após o inicio dos sintomas. No segundo caso a demora foi de 8 dias e no terceiro caso o tratamento só começou 10 dias depois dos sintomas começarem.



No mapa está em vermelho a província que apresentou o caso mais recente de gripe aviária em pessoas. Em rosa estão marcadas as províncias que tiveram as mortes mais recentes e em laranja as demais províncias que relataram casos humanos de H5N1.

Moça de 23 anos morre de gripe aviária no Vietnam.

O ministro da saúde do Vietnam informou, para a Organização Mundial de Saúde, no dia 06 de maio mais uma morte causada pelo vírus H5N1. A vítima foi uma moça de 23 anos de idade, ela era moradora da província de Thanh Hoa. A moça desenvolveu os sintomas no dia 16 de abril e foi internada no dia 21 do mesmo mês, um dia depois a moça morreu. Investigações epidemiológicas encontraram aves domésticas mortas devido a infecção na redondeza da residência da moça. No mapa abaixo está marcado em vermelho a província onde a moça morava, as províncias que tiveram outros casos estão marcados de laranja.
http://www.who.int/csr/don/2009_05_06c/en/index.html

Gripe aviária em aves selvagens na China.

Foi informado ontem, pela Organização Mundial de Saúde Animal, um surto de H5N1 em aves selvagens na China, foram encontradas, pelas autoridades chinesas, 121 aves selvagens mortas no lago Gengghu que fica na província de Qinghai. Não foi informado quais as espécies de aves que foram atingidas pela doença. A china abateu 600 aves domésticas da região para evitar que o H5N1 se disseminasse por esta população e pudessem infectar pessoas. A origem do H5N1 é desconhecida. As aves mortas foram encontradas no dia 08 de maio.