sexta-feira, 26 de junho de 2009

Quantidade de casos de gripe suína no Brasil chega a 591. Que ninguém se iluda, a quantidade de casos é bem maior.

Chegamos a marca de 591 casos confirmados de gripe suína no Brasil. O mais importante é a existência de casos autóctones, que foram contraídos no Brasil em contra posição aos casos alóctones, pessoas que contraíram o vírus da gripe suína em território estrangeiro. Com esse quadro, o fechamento de escolas e faculdades, a expansão da doença de forma acelerada e uma possível morte no Rio Grande do Sul, podemos inferir que a quantidade de pessoas doentes é muito maior que o divulgado. Isso é normal, ainda mais um país grande como o Brasil. Como a gripe suína apresenta os mesmos sintomas da gripe sazonal e com taxa de letalidade similar, muitas pessoas que contraíram o A/H1N1 sequer tiveram consciência disso, e se recuperaram completamente. E isso não ocorre apenas aqui, ocorre senão em todos, pelo menos, na maioria dos países com casos autóctones. Que ninguém se iluda, a quantidade de casos é bem maior que o divulgado.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Gripe suína. Mutações.

O Heraldo Barros comentou aqui no blog sobre as mutações que ocorrem no material genético do vírus da gripe. Como tivemos problemas com o sistema de comentários, vou responder neste post. Segue a discussão.
Pergunta: As mutações são iguais para todas as regiões? É uma caracteristica do vírus ou fatores externos???
Resposta: Oi Heraldo, as mutações no material genético do vírus ocorrem de forma randômica, aleatória, por isso, uma mutação específica que ocorreu na China pode não ter ocorrido na Austrália, por exemplo. No entanto a taxa de mutação é constante em qualquer lugar do mundo. Esta taxa de mutação é uma característica do vírus, e ela é tão alta devido a natureza de seu material genético. O vírus da gripe tem um material genético diferente do nosso, nós temos DNA no interior de nossas células e é bastante estável. Este vírus possui RNA que por característica é mais suscetível as mutações. Por isso existe essa preocupação das autoridades alemãs e mundiais. Em 1918 surgiu a devastadora gripe espanhola, no entanto, antes de se tornar tão agressiva, ela apareceu de forma mais branda, foram as mutações que tornaram a gripe espanhola tão letal. Pra finalizar, o vírus muta bastante e sempre, mas não significa que estas mutações vão tornar o vírus da gripe suína mais agressiva. Vide a gripe normal (sazonal) que está circulando na população a décadas e nem por isso teve sua letalidade aumentada. No entanto, a chance da gripe suína se tornar mais perigosa ou aumentar sua competência de transmissão realmente existe.
Pergunta: Sendo estas mutações randômicas e aleatória, mas com uma taxa constante que é característica do vírus, ele NÃO possui, digamos assim, um "objetivo" de ficar mais letal, ele pode sofrer uma mutação para maior ou menor letalidade, para nosso azar ou sorte? Ou ainda, em alguns lugares sofrer uma mutação para maior letalidade e em outros para menor, mas em ambos os caso em taxa constante? Consegui me explicar? rs...
Resposta: É isso mesmo Heraldo. Toda mutação que ocorre nos genes de qualquer organismo é aleatória. O que ocorre é que a seleção natural está sempre agindo e selecionando os organismos que conseguem deixar mais descendentes e assim perpetuar seu conjunto genético. No caso do vírus da gripe suína, vai sobreviver e se reproduzir aqueles vírions que forem mais competentes em sua transmissão, infecção e replicação. Normalmente, os vírus que são muito letais, tendem a desaparecer, ficando em seu lugar vírions mais brandos, com maiores chances de transmissão. A lógica é simples, se o hospedeiro morre, o agente infeccioso morre junto. Portanto, se o agente infeccioso não matar o hospedeiro ele vai ter mais tempo para infectar outros hospedeiros e se espalhar pela população. Por exemplo, o ebola é extremamente letal, e por isso autolimitado, este vírus normalmente infecta algumas pessoas, mata estas pessoas e morre junto, não se espalhando com facilidade. Nunca iremos, por exemplo, ter uma pandemia de ebola, no máximo, surtos bem localizados. Desde 1976, quando foi descoberto, o ebola infectou cerca de 1500 pessoas e matou 1000 (http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89bola).
O que aconteceu com a gripe espanhola, foi que estes vírus alcançaram um equilíbrio entre letalidade e transmissibilidade. A gripe espanhola tinha uma taxa de letalidade por volta de 4%. Mas nada impede que a gripe suína se torne mais letal atingindo um equilíbrio como fez a gripe espanhola. Pra finalizar, não existe intenção ou pressão para que o A/H1N1 se torne mais letal. Não existem mutações dirigidas em prol de um objetivo, o que existem são mutações, se estas alterações genéticas vão trazer algum benefício ao organismo são outros quinhentos. Não sei se conseguir solucionar a dúvida ou apenas trouxe mais confusão? Mas, muito obrigado pelos excelentes comentários e pela participação. Qualquer dúvida estarei disposto a responder.

Problema nos comentários.

Tentei personalizar o sistema de comentários com o Disqus (www.disqus.com). O sistema é interessante, mas me pareceu um pouco confuso, não estava completamente em português e não permitia a assinatura com uma conta google. Com isso voltei ao sistema do blogspot. Com essa reversão acabei perdendo os últimos comentários e como essa reversão não é retroativa, os posts dos dias 18, 23 e 24 de junho ficaram se a opção de comentários. Se alguém quiser comentar estes posts, por favor, o faça neste aqui. Os posts anteriores a estas datas e os posteriores a estes estão normais. Obrigado.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Gripe Aviária. Russia encontra aves selvagens contaminadas.

Autoridades russas encontraram aves selvagens mortas na região da República Tyva, que pertence a Federação da Rússia, a região faz fronteira com o norte da Mongólia. No total foram 58 aves mortas pela gripe aviária (H5N1). Mais precisamente, estas aves foram localizadas em um lago do distrito de Ovursky. Embora o nome do lago não tenha sido mencionado, pelas coordenadas geográficas informadas, podemos localizar um grande lago na região. O lago em questão é o Uvs, um grande lago salino que abriga mais de 220 espécies de aves (link). Como medidas sanitárias, foram implantados o controle dos reservatórios selvagens e o monitoramento do H5N1. A fonte da infecção foi o contato com aves selvagens contaminadas. As informações são da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
http://www.oie.int/wahis/reports/en_imm_0000008220_20090624_174821.pdf

Panorama do Lago Uvs (clique para ampliar). Foto de Vladymyr Bysov.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Existe risco da gripe suína se espalhar no Brasil?

A resposta para esta pergunta, infelizmente, é sim. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde e de acordo com a expansão do número de casos no Brasil, pode-se prever que a gripe suína em um futuro próximo irá se tornar epidêmico no Brasil. Veja o exemplo do Chile e da Argentina. O Chile já conta com mais de 4.300 casos e quatro mortes, a Argentina, possui mais de mil casos e sete mortes. O Brasil com de 334 casos figura em terceiro lugar na América do Sul.
Um fator importante para a disseminação do vírus da gripe suína é o inverno. Com o clima frio, as pessoas tendem a se aglomerar em locais fechados facilitando a disseminação viral. Além disso, o vírus permanece ativo por mais tempo no frio. O vírus da gripe seja ele suíno ou não, é sensível ao calor, portanto, quanto mais frio mais tempo o vírus vai permanecer ativo no ambiente aumentado a chance de novas infecções.
O gráfico abaixo mostra os casos de A/H1N1 no Brasil ao longo do tempo (clique no gráfico para ampliar).


O gráfico mostra que em abril o Brasil tinha apenas 3 casos da doença, em maio 29 casos foram confirmados e 5 permacem em estudo, em junho a quantidade de casos aumentou muito, até agora já foram confirmados 113 casos com outros 9 em investigação. O total mostrado pelo gráfico entre casos confirmados e em investigação é de 159, 175 a menos que o total divulgado. O que preocupa mais, ao olharmos o gráfico, é o surgimento de casos autoctones ou seja, pessoas que se infectaram no país através de contato com pessoas doentes. Até o fim de maio, apenas pessoas que vieram de fora do país estavam infectadas. Quanto mais casos autoctones surgirem no Brasil maior é a chance do vírus ficar fora de controle sanitário e se tornar epidêmico.
fontes:

Quais são os Sintomas da Gripe Suína?

O Ministério da Saúde publicou em seu site informaçãoes sobre os casos ocorridos no Brasil. Neste documento, foi feito um gráfico que lista os sintomas de 159 casos brasileiros. Clique no gráfico para ampliar.

Como mostra a figura, os sintomas são, em ordem de importância, febre, tosse, dores musculares (mialgia), dor de garganta, calafrio, dores nas articulações (artralgia), falta de ar (dispnéia) e conjuntivite. Este sintomas não estão apenas associados a gripe suína, a gripe comum, também produzem os mesmo sintomas. A dengue, também apresenta sintomas semelhantes. Portanto, não como ter certeza de que a pessoa tenha contraído o A/H1N1. Somente exames de laboratório poderão confirmar a suspeita de gripe suína. Se você mora no Brasil e não viajou recentemente para países que contenham casos da doença e não entrou em contato com pessoas que tiveram a gripe suína, não se preocupe, pois a chance de você ter a doença é praticamente nula pelo menos por enquanto, pois existe o risco desse vírus se tornar epidêmico em nosso país.

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/influenza_ah1n1_22062009.pdf