segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Gripe Suína. Ministério da Saúde coloca em dúvida a eficácia do Tamiflu.

Estudo realizado com três grupos distintos no Rio Grande do Sul mostrou que a eficácia do Tamiflu não é a esperada.
Foram estudados 83 pacientes, divididos em três grupos, o primeiro grupo com 30 pacientes tomou o antiviral no período de 48 horas do início dos sintomas, como recomendado pela bula do medicamento, o segundo grupo com 32 pacientes, recebeu o tratamento após o período recomendado, e o terceiro grupo com 21 pacientes não recebeu o tratamento. Os resultados deste estudo foram alarmantes, 12 pacientes do primeiro grupo morreram em decorrência da gripe suína, ou seja, 40% do total das pessoas deste grupo. No segundo grupo a taxa de letalidade foi de 43,75%, ou seja, 14 pacientes faleceram. No terceiro grupo que não recebeu o tratamento com o Tamiflu, a quantidade de óbitos foi de 6 pacientes ou 28,6% de taxa de mortalidade.
Diante destes resultados a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul e o Ministério da Saúde questionaram a eficácia do Tamiflu.

O secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, informou, em entrevista por telefone, ao jornal Estado de São Paulo, que o estudo será ampliado e maiores detalhes do estudo serão divulgados. Entre os detalhes, é importante saber qual era a condição de saúde dos pacientes, a idade ou se estes tinham algum fator de risco.

Segundo o secretário, não foi a falta do medicamento que fez com que as pessoas não recebessem o tratamento ou o recebessem fora do prazo estabelecido. Isso ocorreu, informou o secretário, devido demora destas pessoas em buscar auxílio.

É difícil tirar conclusões baseadas em informações superficiais, mas estes dados mostram que a administração do Tamiflu não fez qualquer efeito nestes pacientes, e a impressão que temos, é que o Tamiflu prejudicou quem recebeu o tratamento, visto que o grupo de pacientes que não tomou a medicação teve porcentual menor de mortos que os outros dois grupos. Levanto aqui três hipóteses para tentar explicar estes resultados, a primeira é que o estado de saúde destes pacientes era demasiado grave para que o medicamento pudesse ser relevante, a segunda é que o medicamento estivesse fora do prazo de validade e por isso não tivesse o efeito esperado, como foi questionado no início da pandemia, e a terceira hipótese é que o vírus circulante no Rio Grande do Sul fosse resistente ao Tamiflu. Quando pacientes nos Estados Unidos, não apresentam melhoras em seu quadro de saúde após a administração do Tamiflu, testes são feitos para determinar se o vírus que os infecta é resistente ao antiviral. Não foi mencionado se testes semelhantes foram feitos nestes pacientes do RS.
A resistência viral ao Tamiflu se deve a uma mutação na neuraminidase, uma proteína da superfície viral e que tem a função de liberar os novos vírus da célula hospedeira e de permitir que estes cheguem ao epitélio respiratório pela emulsificação (deixar mais fluido) o muco existente no trato respiratório. Esta mutação ocorre na posição 275 da neuraminidase, normalmente nesta posição, existe o aminoácido histidina, com a mutação, a posição passa a ser composta pelo aminoácido tirosina. Esta mutação faz com que a estrutura da neuraminidase na região de ligação do Tamiflu se altere e com isso o antiviral não consegue mais se ligar a neuraminidase. Veja abaixo uma representação da neuraminidase ligada ao Tamiflu.



Esquematização da Neuraminidase ligada ao Tamiflu, representado como esferas no centro da molécula. A mutação citada altera a região de ligação do antiviral e faz com que este se torne ineficaz.

Fontes:

1- Jornal O Estado de São Paulo.
2 - Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças.
3 - Roche (Fabricante do Tamiflu).

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Gripe Suína. Cuidado com falsos e-mails.

Alinhar ao centroEstão circulando na internet e-mails falsos sobre a gripe suína. São 11 mensagens falsas diferentes, veja abaixo:

1 - Com o remetente de notícias@globo.com, diz que a Xuxa está com gripe suína e que passou mal durante as filmagens, e pede para a pessoa clicar em um link para ver o vídeo, ao fazer isso, uma página falsa do youtube se abre e diz que a versão flash do computador da pessoa está desatualizada, e apresenta a opção para fazer a atualização do flash, ao clicar no link, um software malicioso denominado de TR/Crypt.FKM.Gen é instalado no sistema.

2 - O remetente deste e-mail é saúde.gov@cabrasnet.com. Com o título de CUIDADO!!! - Emergência, pede que a pessoa clique no link que deveria conter um manual e um vídeo sobre prevenção à gripe suína. Ao fazer isso a pessoa é direcionada a um software malicioso denominado de Trojan.Heur.qeZ@r9uTsXiGi.

3 - Este falso e-mail é enviado do endereço luis@medicina.com.br. Este e-mail diz que o link leva a uma imagem que explica o motivo dessa gripe ser chamada de gripe suína, o link aponta para um trojan de nome Downloader.Win32.Agent.cmbw.

4 - De "G1 - O Portal de Notícias" alerta@g1.com.br, este e-mail diz que o link leva a fotos do que ocorre a pessoa com gripe suína, incluindo a fase terminal e como se prevenir, mas na verdade o link instala um programa malicioso chamado de TrojanDownloader:Win32/Delf.GK.

5 - Com o remetente Ministério da Saúde (siqueiracampospv@mgcred.com.br) e assunto Campanha para prevenção contra GRIPE A H1N1(SUINA), com um link que deveria conter informações sobre a pandemia, mas que na verdade encaminha o usuário a programa malicioso denominado de Trojan.Crypt.Delf.AH.

6 - O remetente deste falso e-mail é: alerta@portal.saude.gov.br. O corpo da mensagem traz números sobre o alastramento do vírus pelo Brasil. Os links incluídos no meio das informações levam a uma página com conteúdos maliciosos

7 - Com o remetente saudepublica@ametista.bireme.br, este e-mail traz supostas imagens que mostrariam fotos de pacientes infectados com a gripe suína e que o Governo estaria escondendo informações da população. O link na mensagem leva a um software malicioso denominado de Trojan.Downloader.Banker.CJ.

8 - msaudebrasil.com@sv.dhammathai.org é o remetente deste e-mail falso. Como assunto está: Surge primeira ameaça do vírus (gripe) no Brasil!!! Com texto explicando quais são as atitudes que o governo está tomando para controlar o avanço da gripe suína e com um link para um suposto vídeo da Organização Mundial da Saúde, mas que na verdade leva o usuário a um programa malicioso identificado como Trojan.Win32.Agent2.jaj.

9 - De glaucianovaes@gmail.com, este e-mail diz conter um mensagem de uma vítima da gripe suína e que contém links que supostamente levaria a pessoa a dois documentos que teriam informações a respeito da doença, mas que na verdade leva a um site malicioso.

10 - Com o remetente de noreply@noc.anvisa.br, o e-mail é uma suposta mensagem da ANVISA reportando o primeiro caso de gripe suína no Brasil, o link com detalhes sobre o caso leva a pessoa a um conteúdo malicioso.

11 - O remetente deste e-mail é: atencao@alertaurgente.net. A mensagem contém supostas notícias e um apelo divulgados pelo site G1 da Globo, mostrando como é a fase terminal de um infectado pelo vírus da gripe suína. Os dois links com as supostas fotos levam a pessoa a um software malicioso chamado de BehavesLike:Trojan.Downloader. O incrível desta última mensagem é que ela é de 24 de abril, data do primeiro boletim sobre a gripe suína publicado pela Organização Mundial da Saúde. Os hackers agem muito rápido e aproveitam a disseminação da gripe suína para espalharem seus próprios vírus de computador.
Muitos destes programas maliciosos tem como objetivo capturar senhas de bancos e números de cartão de crédito.

As agências governamentais não mandam e-mails, por isso fiquem atentos se receberem algum e-mail do gênero. Alguns e-mails trazem uma URL curta semelhante aos links do Twitter para induzir as pessoas a acessar o link.

Você já recebeu algum falso e-mail com assuntos sobre a gripe suína? Conte para nós, assim poderemos alertar as pessoas sobre novos modelos de e-mails maliciosos.

Para mais informações entrem no link da primeira fonte abaixo e vejam o print screen das mensagens.

Fontes:

1 - Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança.

2 - IDG Now.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Gripe Suína. Tamiflu volta a ser vendido nas farmácias.

De acordo com jornalismo da TV cultura, o Tamiflu (fosfato de oseltamivir), volta a ser vendido nas farmácias de todo o Brasil (veja o vídeo). Mas e aí, devemos comprar o remédio para o próximo ano? A meu ver, em princípio, não devemos comprar o medicamento. O governo prometeu a compra de 73 milhões de doses da vacina contra o vírus H1N1. E o Instituto Butantan começará a fabricação própria da vacina, portanto a expectativa é que esse número aumente muito até o próximo inverno, além do mais, os novos testes mostraram que apenas uma dose da vacina será suficiente para a proteção, anteriormente, a expectativa era de que seriam necessárias duas doses para que a pessoa ficasse imunizada. Se esse fosse o caso, as 73 milhões de doses seriam suficientes para 36 milhões e meio de pessoas. Com essa boa notícia, estarão protegidas até o próximo inverno 38,2% da população, sem contar com as vacinas que serão produzidas pelo Instituto Butantan.
As vacinas serão dadas aos profissionais de saúde, pessoas com idade acima dos 60 anos, menores de 2 anos e demais indivíduos pertencentes ao grupo de risco. Fora isso, o governo também está comprando 11,2 milhões de tratamentos. Portanto, não será necessária a compra do Tamiflu nas farmácias, mesmo porque este tem validade de apenas dois anos e é caro.


domingo, 6 de setembro de 2009

Gripe Suína. Quantidade de casos graves em declínio no Brasil.

Quantidade de casos de síndrome respiratória aguda (SRAG) grave provocadas pela gripe suína caiu pela terceira semana consecutiva. Na semana epidemiológica 32 que foi do dia 9 a 15 de agosto, foram registrados 1.165 casos de SRAG, na semana 33, que foi do dia 16 a 22 de agosto, a quantidade de casos foi de 639, o número de casos de SRAG da semana 34, que foi do dia 23 a 29 de agosto, foi de 151 (veja o gráfico abaixo). Apesar da queda na quantidade de casos de gripe suína, o vírus representa 87,1% de todos os casos de gripe detectados, ou seja, o vírus da gripe suína está sendo transmitido mais que os vírus da gripe sazonal.

Gráfico. Distribuição de SRAG e suas causas por semana epidemiológica (clique para ampliar).

Fonte:

Ministério da Saúde - Boletim Epidemiológico.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Gripe suína. Gráfico da quantidade de mortos e da mortalidade no Brasil.

O número de mortos no Brasil provocados pelo vírus da gripe suína é, até o momento, de 650 mortes. Veja abaixo o gráfico da distribuição dos óbitos por estados, clique no gráfico para ampliar.

A quantidade de mortos causada pela gripe suína é um dado importante, no entanto, mais importante é a taxa mortalidade da gripe suína. A taxa de mortalidade nós exatamente a medida do quão grave é uma doença e com ela é possível comparar com os dados de outros estados e países, a quantidade de mortes é um dado que não permite fazer essa comparação. A taxa de mortalidade é calculada por meio da seguinte fórmula:

M*P/R


M = quantidade de mortes; P=população pela qual se quer expressar a quantidade de mortes; R = a quantidade de pessoas moradora de uma região, que pode ser um bairro, um hospital, uma cidade, um estado e assim por diante.

O P, no caso da gripe suína é de 100.000 pessoas e o R representa a população de um estado. Vamos utilizar o estado do Paraná para utilizarmos como exemplo: a quantidade de mortes do Paraná é 195 e a população do estado é de 10.560.169, portanto 195*100.000/10.560.169 é = 1,84, o resultado representa a quantidade de mortes para cada grupo de 100 mil pessoas, se P fosse representado por 1 milhão de pessoas, o resultado da nossa fórmula seria; a taxa de mortalidade é de 18,4 mortes para cada 1 milhão de pessoas. Este cálculo foi repetido para cada estado, veja o gráfico (clique para ampliar).


O estado que possui maior taxa de mortalidade do Brasil é o Paraná, praticamente o dobro da do Rio Grande do Sul e o triplo da de São Paulo. A meu ver, está alta taxa de mortalidade do Paraná não está refletindo a capacidade de matar do vírus da gripe, está refletindo a agilidade na análise das amostras. Enquanto nos demais estados, que dependem dos laboratórios de referência, a demora para a realização do exame demora até 15 dias, no Paraná, que faz seus próprios exames, a demora não passa de 48 horas. Quando a primeira onda da gripe suína passar, e todos os exames forem realizados, a taxa de mortalidade dos estados do sul e do sudeste do país vai ser semelhante à taxa de mortalidade do estado do Paraná.

sábado, 29 de agosto de 2009

Origem da gripe suína. Como surgiu o vírus da influenza A H1N1?

Este é segundo post que escrevo sobre o assunto, novas pesquisas surgiram e o primeiro post além de defasado, esta muito minimalista.

O material genético do vírus da gripe é divido em oito segmentos (fig. 1) que podem se trocados no caso de dois ou mais vírus diferentes infectarem a mesma célula, esse processo é chamado de rearranjo ou recombinação, veja a figura 2.

Figura 1. Segmentos gênicos do vírus da gripe e as proteínas que codificam.



Figura 2. Esquema mostrando como os rearranjos genéticos deram origem a nova gripe.
Figura modificada de Kingsford e col. PLoS ONE julho de 2009.

Antes de vermos os eventos genéticos que gerou a gripe suína, temos que decifrar o que significa o H e N que compõem o nome da nova gripe. O H simboliza a hemaglutinina, uma proteína que fica na superfície do vírus. A hemaglutinina tem a função de iniciar a infecção das células do hospedeiro. Até o momento foram descritas 16 hemaglutininas diferentes. O N representa a neuraminidase, outra proteína que fica na superfície do vírus, até o momento foram descritas 9 neuraminidases diferentes. A neuraminidase tem a função de liberar o vírus nascente da célula hospedeira mãe. Portanto a combinação do H e o N formam o nome do vírus. Vamos à história.

O vírus da gripe suína não surgiu de repente, foram necessários vários episódios de recombinação para que base genética da nova gripe fosse criada. O vírus da gripe suína H1N1 norte americano circula na população de porcos a mais de 80 anos, este longo espaço de tempo deu oportunidade para que vírus da gripe de outras origens se recombinasse com este vírus. A primeira recombinação ocorreu entre o vírus H3N2 de origem humana e o H1N1 suíno gerando o vírus H3N2 suíno. Posteriormente, o vírus H3N2 suíno se recombinou com um vírus de origem aviária, gerando um vírus H3N2 recombinante triplo, detectado pela primeira vez em 1998. Um outro episódio de recombinação ocorreu, o vírus H3N2 recombinante triplo se combinou com o vírus suíno H1N1 norte americano, gerando o vírus recombinante triplo H1N2, foi esse vírus que ao se recombinar com o vírus H1N1 originário da Eurásia originou a nova gripe de hoje. Portanto, foram necessários pelo menos quatro eventos de recombinação para que o vírus da gripe suína de hoje surgisse. Por isso que essa gripe é chamada de suína, foi o vírus recombinante triplo que circula a anos na população de porcos norte americano que deu origem a nova gripe.
Segundo os estudos mais recentes, este novo vírus infectou uma pessoa no México em janeiro, iniciando a sua transmissão e se tornando pandêmico. Os primeiros casos da nova gripe nos Estados Unidos foram detectados em meados de março, mas somente no dia 24 abril é que a Organização Mundial da Saúde publicou o primeiro boletim epidemiológico.

Fontes:

1 - Ding e col. Virus Genes - Agosto/2009.
2 - Garten e col. Science - 10 de Julho/2009.
3 - Smith e col. Nature - 25 de Junho/2009.
4 - Mossad - Cleveland Clinic Journal of Medicine - Junho/2009.
5 - Dawood e col. The New England Journal of Medicine - 18 Junho/2009.
6 - Shinde e col. The New England Journal of Medicine - 18 Junho/2009.
7 - Kingsford e col. PLoS ONe - Julho/2009.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Gripe Suína. Brasil tem a maior quantidade de mortes do mundo.

Dados atualizados pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias Estaduais de Saúde contabilizam 587 óbitos, provocados pela gripe suína, no Brasil. Os Estados Unidos conta com 555 mortes. Antes de acusarmos o governo por termos nos tornado campeões mundiais de mortes provocadas pela gripe suína, vamos levar em conta o tamanho da população brasileira. A população do estado de São Paulo sozinho é maior que a da Argentina inteira, e o dobro da população da Austrália. O Brasil é o segundo país mais populoso do hemisfério sul, só ficamos atrás da Indonésia, que possui um clima quente e úmido, que não é favorável a propagação do vírus da gripe. Portanto, é até esperado que o Brasil tivesse uma grande quantidade de casos e de óbitos, essa situação vai mudar quando a temperatura começar a esfriar no hemisfério norte.
Exposto isso, vamos aos dados estaduais, veja tabela abaixo (clique para ampliar).


* Taxa de Mortalidade por 100 mil habitantes

Apesar do estado do Paraná não ter o maior número de óbitos, é o estado com maior taxa de mortalidade, 1,6 mortes por cada 100 mil habitantes, em segundo, vem o Rio Grande do Sul, com 0,9 mortes para cada 100 mil habitantes.

Antes de finalizar, uma coisa me chamou a atenção neste último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, não estava especificado qual a chance de morte por gripe suína dos pacientes portadores de algum fator de risco, no boletim anterior a proporção era de 50% de chance dos casos do grupo de risco morrer, ou seja, os outros 50% são de pessoas saudáveis, isso quer dizer que a gripe está matando da mesma forma pessoas saudáveis e pessoas portadoras de algum fator de risco. Será que ao omitir esta informação, o Ministério da Saúde não está querendo esconder que a gripe suína é bem mais letal que a gripe sazonal?

Fontes:

1 - CDC (mortes nos EUA).
2 - Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.
3 - Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais.
4 - Secretaria Estadual de Saúde do Mato Grosso do Sul.
5 - Secretaria Estadual de Saúde do Acre.
6 - Secretaria Estadual de Saúde do Paraná
7 - Ministério da Saúde.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Gripe suína. Ministério da Saúde e Secretária de Saúde do PR divergem quanto à prevalência de sintomas.

Dados de prevalência de sintomas publicados pela Secretária de Saúde do Paraná divergem dos dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Veja a tabela abaixo.

Tabela mostrando as diferenças das porcentagens entre a prevalência dos sintomas divulgados pelo Ministério da Saúde e pela Secretária de Saúde do Estado do Paraná (clique para ampliar).

Para computar os sintomas apresentados pelos pacientes, infectados com o vírus gripe suína, é preenchida uma ficha contendo uma série de informações. Estas fichas são agrupadas e os dados tabulados, com isso, temos informações sobre a existência de fatores de risco, sexo e idade mais afetada pelo vírus, cidade de residência do paciente e os sintomas entre outras informações. Depois de tabulados, os dados são divulgados, teoricamente, estes valores deveriam ser semelhantes para a mesma doença, mas dados sobre os sintomas divulgados pela Secretaria de Saúde do PR e o Ministério da Saúde são divergentes. Variações de até 5 pontos percentuais são normais, mas o que vemos é que em pelo menos 4 sinais clínicos existe uma divergência maior.

Os valores porcentuais para a diarréia, febre, tosse e artralgia (dor nas articulações) divulgados pelas duas agências de saúde estão em conformidades, mas para a mialgia (dor muscular), dor de garganta, calafrio, dispnéia (falta de ar) e conjuntivite, os dados são conflitantes. As diferenças mais gritantes estão nas porcentagens da dispnéia e da conjuntivite, 52 e 55 pontos percentuais respectivamente. A diferença encontrada no caso da dispnéia é explicada devido às abordagens serem distintas, o Ministério da Saúde tabulou apenas os dados dos pacientes com síndrome respiratória aguda grave, da qual entre os sintomas está à dispnéia, já a Secretaria de Saúde do PR, divulgou dados de todos os pacientes confirmados para a gripe suína, sejam eles graves ou não. Mas a diferença nos métodos de tabulação não explica uma diferença de 55 pontos percentuais para o caso da conjuntivite.
Para Secretaria de Saúde do PR, 61% de todos os pacientes com gripe suína apresentaram conjuntivite e para o Ministério da Saúde, apenas 6% dos casos apresentaram o sintoma. Duas hipóteses surgem para explicar essa discrepância, uma é que a tabulação dos dados foi feita erroneamente, o que eu acho que não é o caso, e outra é que existam diferenças genéticas entre os vírus da gripe suína que circula no Paraná e em outras regiões do país. Pode ocorrer que o vírus da gripe suína prevalente no Paraná cause mais quadros de conjuntivite que os vírus que circulam em outros estados do Brasil. Vamos esperar pra ver qual será a explicação, se é que algum dia isso será explicado.

Fontes:

1 - Ministério da Saúde - Boletim de 19 de agosto.
2 -
Secretaria de Saúde do Estado do Paraná.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Gripe suína. Quantidade de mortes no Brasil já passa de 500.

Com 504 mortes confirmadas para a gripe suína, o Brasil passa a ser o segundo colocado em quantidade de mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos que tem 522 mortes provocadas pela nova gripe (ver tabela 1). Se a gripe continuar se disseminando com esta intensidade no Brasil, logo vamos nos tornar o primeiro colocado do mundo. No entanto, a tendência é que a quantidade de casos de gripe suína no Brasil, e nos países do hemisfério sul, comece a diminuir com a elevação da temperatura, falta menos de um mês para o início da primavera, que começa no dia 22 de setembro. Nos países do hemisfério norte, é esperado que a quantidade de casos e de mortes aumente muito com a chegada do outono. Vamos esperar para ver o que acontece nos países mais frios como os Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. Até o momento, o total de óbitos no planeta é de 2.615 pessoas.


Tabela 1. Lista de países com mais de 50 óbitos confirmados para a gripe suína (fonte: Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças dia 24/08).


Para os dados do Brasil veja a tabela 2.

Tabela 2. Lista dos estados que possuem mortes causadas pelo vírus da gripe suína.

São Paulo possui o maior número de óbitos com pouco mais de 35% do total de fatalidades, o Paraná vem em segundo, com 154 óbitos, pouco mais de 30% do total. Apesar de números semelhantes entre São Paulo e Paraná a taxa de mortalidade é bem diferente, com uma população quatro vezes maior que a do Paraná, a taxa de mortalidade de São Paulo é de 0,436 contra 1,454 do estado do Paraná. O rápido aumento na quantidade de casos e de óbitos no Paraná se deve a maior agilidade na realização dos exames.

Até meados de julho, os exames para a confirmação de gripe suína eram realizados pela Fiocruz no Rio de Janeiro, e demorava mais de 15 dias para que os resultados fossem liberados, no entanto, a partir de 27 de julho, o Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen-Pr) assumiu a execução dos exames e como resultado, a quantidade de casos e de óbitos aumentou rapidamente. Fica a pergunta, será que a quantidade de casos e de óbitos dos outros estados, que não fazem seus exames, é real ou está atrasado? Se os exames fossem executados com rapidez o governo teria maior agilidade no combate a disseminação viral em regiões de alta incidência de gripe suína.

Segundo o ministério da Saúde, 83% do total dos pacientes graves com gripe, estavam infectados com o vírus da nova gripe, somente 17% dos pacientes graves estavam infectados com a gripe sazonal. Portanto, o vírus da gripe suína, tem 5 vezes mais capacidade de causar agravamento do quadro de saúde de um paciente do que a gripe sazonal. As mulheres são mais afetadas pela gripe suína, 58% casos confirmados são de pessoas do sexo feminino. Do total de casos graves provocados pelo vírus da nova gripe, 12% foram a óbito, sendo que em 50% desses casos o paciente não tinha nenhum fator de risco. Se estes dados do Ministério da Saúde estiverem corretos, a gripe suína está matando bem mais que a gripe sazonal, e que os fatores de risco não são tão determinantes para o agravamento do paciente como aparentava antes.

Para finalizar, se minha lógica estiver correta, não tem diferença nenhuma se uma pessoa que foi a óbito tinha ou não algum fator de risco, visto que 50% dos óbitos foram de pessoas saudáveis e os outros 50% foram de pessoas portadoras de algum fator de risco. A presença de algum fator de risco não aumenta a chance de óbito.


Fontes:


1 - Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

2 - Secretaria de Saúde do Estado do Paraná - Lacen.

3 - Quinquagésimo boletim epidemiológico do estado do Paraná.

4 - Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Gripe aviária, casos no Egito e na Mongólia.

Em meio a todo o alvoroço causado pela gripe suína, a gripe aviária ficou esquecida, mas ela não desapareceu. O H5N1, vírus causador da gripe aviária, infectou duas crianças no Egito e 10 cisnes migratórios na Mongólia. Os informes são da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado dia 11 de agosto, e da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), publicado em 10 de agosto.
De acordo com a OMS a primeira criança infectada com o H5N1 é uma menina de 8 anos, moradora da província de Kfr Elsheikh, seus sintomas começaram no dia 24 de julho, no dia seguinte a menina já havia sido internada e medicada com o Tamiflu. O segundo caso é o de um menino de um ano e meio de idade, morador da província de Menofyia, seus sintomas se iniciaram no dia 28 de julho, um dia após, a criança já estava internada e recebendo o antiviral. O quadro de saúde de ambas as crianças é estável. A fonte da infecção das crianças foi o contato próximo com aves infectadas com o H5N1.
Na Mongólia, segundo a OIE, o vírus da gripe aviária foi encontrado em gansos selvagens migratórios que apareceram mortos no lago Doitiin tsagaan, região central do país, que dista cerca de sete mil quilômetros do norte do Egito, região onde moram as crianças que foram infectadas em julho. Segundo autoridades da Mongólia, foram encontrados 9 gansos mortos e 1 ganso selvagem foi preventivamente abatido. Todas as 10 aves estavam contaminadas com o H5N1. A origem do vírus é desconhecida, mas provavelmente está circulando dentro das populações de aves selvagens.
Chama a atenção nestes casos é a distância entre uma ocorrência e outra. O H5N1 chegou a ambos os países através de aves migratórias e se tornaram endêmicos, ou seja, se estabeleceram em populações de aves selvagens que habitam, pelo menos em uma época do ano, estes países. Mas a distancia entre a Mongólia e o Egito, e os diferentes hospedeiros, crianças e gansos, nestes casos, mostra a versatilidade do vírus da gripe aviária.
O Tamiflu que hoje está sendo distribuído para as pessoas com a gripe suína em estado grave, pertence a um estoque que o Ministério da Saúde fez para a contenção de uma possível pandemia de gripe aviária. A gripe aviária ainda não causou uma pandemia, mas ela veio mesmo assim, através da gripe suína. Veja abaixo o mapa do Egito e uma foto do lago na Mongólia.


No mapa estão em vermelho, as províncias que apresentaram os casos humanos de gripe aviária mais recentes, e em laranja as demais províncias que relataram casos de H5N1 em 2009.


Lago Doitiin tsagaan, província de Arkhangai, região central da Mongólia. Este lago, rico em peixes e aves migratórias, cobre uma área de 25 quilômetros quadrados. O lago possui em suas margens acampamentos para que os turistas conheçam a vida nômade de algumas tribos Mongóis.

Fontes:

OMS - www.who.int/csr/don/2009_08_11a/en/index.html

OIE - www.oie.int/wahis/reports/en_imm_0000008141_20090528_110600.pdf