quinta-feira, 25 de junho de 2009

Gripe suína. Mutações.

O Heraldo Barros comentou aqui no blog sobre as mutações que ocorrem no material genético do vírus da gripe. Como tivemos problemas com o sistema de comentários, vou responder neste post. Segue a discussão.
Pergunta: As mutações são iguais para todas as regiões? É uma caracteristica do vírus ou fatores externos???
Resposta: Oi Heraldo, as mutações no material genético do vírus ocorrem de forma randômica, aleatória, por isso, uma mutação específica que ocorreu na China pode não ter ocorrido na Austrália, por exemplo. No entanto a taxa de mutação é constante em qualquer lugar do mundo. Esta taxa de mutação é uma característica do vírus, e ela é tão alta devido a natureza de seu material genético. O vírus da gripe tem um material genético diferente do nosso, nós temos DNA no interior de nossas células e é bastante estável. Este vírus possui RNA que por característica é mais suscetível as mutações. Por isso existe essa preocupação das autoridades alemãs e mundiais. Em 1918 surgiu a devastadora gripe espanhola, no entanto, antes de se tornar tão agressiva, ela apareceu de forma mais branda, foram as mutações que tornaram a gripe espanhola tão letal. Pra finalizar, o vírus muta bastante e sempre, mas não significa que estas mutações vão tornar o vírus da gripe suína mais agressiva. Vide a gripe normal (sazonal) que está circulando na população a décadas e nem por isso teve sua letalidade aumentada. No entanto, a chance da gripe suína se tornar mais perigosa ou aumentar sua competência de transmissão realmente existe.
Pergunta: Sendo estas mutações randômicas e aleatória, mas com uma taxa constante que é característica do vírus, ele NÃO possui, digamos assim, um "objetivo" de ficar mais letal, ele pode sofrer uma mutação para maior ou menor letalidade, para nosso azar ou sorte? Ou ainda, em alguns lugares sofrer uma mutação para maior letalidade e em outros para menor, mas em ambos os caso em taxa constante? Consegui me explicar? rs...
Resposta: É isso mesmo Heraldo. Toda mutação que ocorre nos genes de qualquer organismo é aleatória. O que ocorre é que a seleção natural está sempre agindo e selecionando os organismos que conseguem deixar mais descendentes e assim perpetuar seu conjunto genético. No caso do vírus da gripe suína, vai sobreviver e se reproduzir aqueles vírions que forem mais competentes em sua transmissão, infecção e replicação. Normalmente, os vírus que são muito letais, tendem a desaparecer, ficando em seu lugar vírions mais brandos, com maiores chances de transmissão. A lógica é simples, se o hospedeiro morre, o agente infeccioso morre junto. Portanto, se o agente infeccioso não matar o hospedeiro ele vai ter mais tempo para infectar outros hospedeiros e se espalhar pela população. Por exemplo, o ebola é extremamente letal, e por isso autolimitado, este vírus normalmente infecta algumas pessoas, mata estas pessoas e morre junto, não se espalhando com facilidade. Nunca iremos, por exemplo, ter uma pandemia de ebola, no máximo, surtos bem localizados. Desde 1976, quando foi descoberto, o ebola infectou cerca de 1500 pessoas e matou 1000 (http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89bola).
O que aconteceu com a gripe espanhola, foi que estes vírus alcançaram um equilíbrio entre letalidade e transmissibilidade. A gripe espanhola tinha uma taxa de letalidade por volta de 4%. Mas nada impede que a gripe suína se torne mais letal atingindo um equilíbrio como fez a gripe espanhola. Pra finalizar, não existe intenção ou pressão para que o A/H1N1 se torne mais letal. Não existem mutações dirigidas em prol de um objetivo, o que existem são mutações, se estas alterações genéticas vão trazer algum benefício ao organismo são outros quinhentos. Não sei se conseguir solucionar a dúvida ou apenas trouxe mais confusão? Mas, muito obrigado pelos excelentes comentários e pela participação. Qualquer dúvida estarei disposto a responder.

12 comentários:

  1. Prezado Mestre Golono,

    Solucionou todas as dúvidas de forma clara e objetiva. Muito obrigado e novamente parabéns.

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  2. Empresa inicia produção em larga escala de vacina contra o vírus da gripe suína

    Publicada em 26/06/2009 às 00h48m
    Reuters

    CHICAGO - A fabricante de medicamentos francesa Sanofi-Aventis iniciou a produção em larga escala de uma vacina contra a gripe H1N1 nas suas instalações nos Estados Unidos e na França, anunciou a empresa nesta quinta-feira. A produção da vacina contra a gripe, considerada pandêmica pela Organização Mundial de Saúde (OMS), usará a tradicional técnica de fabricação de vacinas, baseada no cultivo em ovos. O comunicado da Sanofi não especificou quantas doses do medicamento estão sendo feitas.

    http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/06/26/empresa-inicia-producao-em-larga-escala-de-vacina-contra-virus-da-gripe-suina-756528821.asp

    Prezado Mestre Golono, caso o vírus sofra alguma mutação, a vacina perde TODA seu efeito, ou em parte? Depende da Mutação? Não sei se faz sentido, mas existe alguma Unidade de medida de uma mutação, se não, qual a porcentagem de mudança no material genético caracteriza um mutação? Abraço...

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  3. Correção: "...TODO seu efeito..."

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  4. Gripe suína: exames confirmam que porcos da Argentina estão infectados

    Publicada em 25/06/2009 às 15h46m
    Agências internacionais


    BUENOS AIRES - Autoridades sanitárias argentinas confirmaram nesta quinta-feira que porcos de um criadouro nos arredores de Buenos Aires foram contaminados pelo vírus H1N1, responsável pela gripe suína. Segundo as autoridades, o animais devem ter sido contaminados por humanos. O criadouro foi fechado e outras empresas de criação de porcos serão inspecionadas pela Vigilância Sanitária

    A possibilidade de decretar estado de emergência na província de Buenos Aires está sendo considerada pelo Ministério da Saúde, que deve se reunir ainda nesta quinta-feira com o comitê de crise para analisar a situação sanitária.

    A princípio, a medida abrageria somente a região metropolitana, mas não se descarta que, dependendo das condições, seja estendida para toda a nação. A emergência sanitária seria decretada na semana que vem, depois das eleições legislativas, dando início a drásticas medidas de contenção do contágio, como o fechamento temporário de locais de grande afluência, como colégios, shoppings, cinemas e teatros.

    De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde argentino sobre o H1N1, mais 97 casos foram confirmados e outras quatro mortes, totalizando 21. No entanto, algumas autoridades sanitárias estimam que os casos mortais são muito mais do que os noticiados. ao todo, segundo o boletim, ops casos chegam a 1.391 em todo o país.
    Leia também: Argentina confirma morte pela gripe A na fronteira com Brasil

    OMS: VÍRUS ESTÁ ESTÁVEL

    Também nesta quinta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que o vírus H1N1 está estável e que ainda não há sinais de combinação com o H5N5 (gripe aviária), muito mais mortal.

    - O vírus ainda está estável. Mas, como todos nós sabemos, o vírus influenza é altamente imprevisível e tem grande potencial de mutação - disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, em Moscou, após encontro com a ministra da Saúde da Rússia, Tatyana Golikova.

    As observações de Chan foram os primeiros comentários de uma autoridade da OMS desde que foi declarada pandemia de gripe suína, dia 11 de juho. Segundo ela, ambos os vírus necessitam ser monitorados bem de perto para assegurar que não vai haver mutação.

    - Precisamos observar como estão se comportando nos países do Hemisfério Sul para ver se o H1N1 e o vírus influenza sazonal vão se reclassificar. Até agora, não detectamos nenhum sinal - afirmou.

    Chan disse que, embora muito esforço tenha sido dispendido na descoberta de vacinas, algumas medidas de senso comum ainda podem reduzir os riscos de contaminação.

    - São medidas simples que cada indivíduo pode adotar para se proteger, como não fumar, dormir bem, ter alimentação balanceada para garantir um nível alto de imunidade e lavar as mão frequentemente com água e sabão - afirmou.

    http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/06/25/gripe-suina-exames-confirmam-que-porcos-da-argentina-estao-infectados-756513004.asp

    Mestre Golono, o processo digestivo consegue destruir o vírus antes da infecção? Cozinhar "de forma caseira" a carne garante 100% a destruição do vírus? Existe algum vírus que resiste ao cozimento?

    Abraço...

    Heraldo Barros

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  5. Oi Heraldo, tudo bom?
    Quanto mais semelhante for o material genético entre os vírus circulantes e a vacina melhor. Principalmente dos genes que codificam as proteínas de superfície do vírus. No entanto, mesmo que o vírus utilizado nas vacinas não seja idêntico aos circulantes, a vacina terá, pelo menos, efeito parcial. Vc perguntou tb se depende da mutação. Depende sim, existem mutações que não provocam alteração na forma das proteínas do vírus, outras que causam apenas mudanças pequenas, e outras que podem fazer com que a vacina tenha uma proteção diminuída, mas mesmo assim é melhor do que nada. A escolha dos vírus que irão compor a vacina é feito com muito cuidado, levando em conta a existência dessas mutações, espero que a gripe suína não mude tanto a ponto de tornar a vacina ineficiente. Outra coisa que os fabricantes de vacina podem fazer é colocar mais de uma cepa da gripe suína na vacina, aumentando assim, sua proteção, mas acho que não é o caso, ainda, de se fazer uma vacina com mais de uma cepa de gripe suína.
    Existem diversas formas de mutação. Mas no caso dos vírus da gripe, são duas formas as mais freqüentes. A primeira é chamada de drift, que é caracterizada, por mutações pontuais, ou seja, de um nucleotídeo, exemplo, seqüência A: “atc gct ttc tgt”, seqüência B: “atc gct ttc tgc”, veja que neste exemplo hipotético ocorreu uma mutação da última base entre as seqüências A e B. O outro tipo de mutação que ocorre nos vírus da gripe é chamado de shift. O shift é caracterizado pela troca de pedaços genéticos inteiros entre dois ou mais vírus da gripe. Foi isso que ocorreu na formação desse novo vírus da gripe suína, o post “Origem da gripe suína (H1N1). Como surgiu o vírus?” explica como ocorre a mutação Shift, link: http://fluaviaria.blogspot.com/2009/06/origem-da-gripe-suina-h1n1-como-surgiu.html

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  6. O vírus infecta as pessoas por via respiratória. Segundo o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) o vírus da gripe não é transmitido através dos alimentos, e é seguro sua manipulação e ingestão. O sistema digestivo e o cozimento dos alimentos matam o vírus da gripe. Essa resposta foi dada para a população americana, que como a nossa, compra seus alimentos em supermercados. Falo isso, porque a manipulação de aves contaminadas, com a gripe aviária, pode ser fonte de infecção humana, o mesmo ocorre se vc entrar em contato com um porco vivo que esteja infectado, isso é comum na China que possui o hábito de comprar animais vivos em mercados. Portanto, o risco de transmissão não existe se vc comprar a carne de um supermercado ou açougue. Ao que eu saiba, não existe nenhum vírus que resista ao processo de cozimento.

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  7. Me esqueci de falar um detalhe sobre as mutações.

    As mutações são medidas em porcentagem, portanto é dito o vírus X tem, por exemplo, 97% de semelhança genética com o vírus Y.

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  8. Saúde
    Gripe A/H1N1: Especialistas analisam possível mutação do vírus depois de confirmado um caso de resistência ao Tamiflu
    Surgem novas interrogações com a Gripe A/H1N1, depois das autoridades de saúde da Dinamarca terem confirmado um caso de resistência ao medicamento anti-viral Tamiflu. A farmacêutica ROCHE, que produz este medicamento, também confirma este caso, embora a empresa diga que o paciente se encontra bem e que não foi detectado qualquer outro contágio resistente ao Tamiflu. Por isso, não se deve concluir que o medicamento deixou de funcionar, tal como explica o pneumologista Filipe Fróis, ainda é cedo para tirar conclusões deste caso. É preciso saber se se trata de uma mutação do vírus H1N1 ou se é apenas um caso isolado.
    2009-06-29 19:27:04

    http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=46&visual=9&tm=2&t=Gripe-AH1N1-Especialistas-analisam-possivel-mutacao-do-virus-depois-de-confirmado-um-caso-de-resistencia-ao-Tamiflu.rtp&article=229499

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  9. Roche registra primeiro caso de resistência do H1N1 ao Tamiflu

    Plantão | Publicada em 29/06/2009 às 13h35m
    Reuters/Brasil Online



    ZURIQUE (Reuters) - Um paciente da Dinamarca com o vírus da influenza H1N1 mostrou resistência ao Tamiflu, medicamento do laboratório Roche que é o principal antiviral usado para combater a enfermidade, informou neste segunda-feira um executivo da empresa.

    "Ao receber o remédio, o paciente pareceu desenvolver resistência a ele", disse David Reddy, o líder da força-tarefa da Roche no combate à pandemia, durante uma entrevista à imprensa sobre o caso dinamarquês. "Este é o primeiro relato que temos da ocorrência disso com o H1N1."

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o alerta de pandemia da gripe relativo ao vírus da H1N1 para a fase 6, numa escala de seis pontos, fato que indica que está em andamento no mundo a primeira pandemia de influenza desde 1968.

    Autoridades de saúde da Dinamarca confirmaram ter sido constatado um caso de resistência ao antiviral Tamiflu.

    "A pessoa está bem agora e não foi detectado nenhum outro caso de pessoa contagiada com o vírus resistente", disse o instituto estatal Serum, em um comunicado.

    As gripes comuns sazonais podem ser resistentes ao Tamiflu. Reddy disse que um caso de resistência ao H1N1 não é algo inesperado. Ele acrescentou que a Roche está buscando estratégias de contenção.

    No domingo, o Brasil registrou a primeira morte pela doença. O paciente, um caminhoneiro de 29 anos, retornou ao Brasil no dia 19 vindo da Argentina. Ele morreu no Rio Grande do Sul.

    (Reportagem de Sam Cage e Paul Arnold)

    http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/06/29/roche-registra-primeiro-caso-de-resistencia-do-h1n1-ao-tamiflu-756566579.asp

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  10. Boa noite Golono... Resistência é automaticamente prova de mutação?

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  11. Com certeza hbbf. Este vírus da Dinamarca, resistente ao Tamiflu, possui diferenças genéticas em relação aos vírus que são suscetíveis.

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  12. Japão registra 1o caso de H1N1 resistente ao Tamiflu

    Plantão | Publicada em 02/07/2009 às 13h11m
    Reuters/Brasil Online

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    TÓQUIO (Reuters) - O Japão confirmou seu primeiro caso de mutação genética do novo vírus de influenza H1N1 que mostra resistência ao Tamiflu, o principal antiviral para a nova gripe, informou uma autoridade do Ministério da Saúde nesta quinta-feira.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) já declarou a ocorrência de uma pandemia de influenza devido ao vírus, que até agora vem sendo tratada com o Tamiflu, do laboratório suíço Roche.

    O paciente, que teve confirmada em maio a infecção pelo vírus H1N1 em Osaka, na região oeste do Japão, já se recuperou e nenhum outro caso da nova gripe foi confirmado ao redor dele, disse o funcionário do Ministério da Saúde Takeshi Enami.

    Ele não pôde confirmar a idade ou o sexo do paciente.

    O primeiro caso de H1N1 que não respondeu ao tratamento com Tamiflu foi em um paciente na Dinamarca.

    No início desta semana, a OMS informou que o caso, anunciado pela Roche e pelas autoridades dinamarquesas na segunda-feira, foi um fato isolado e não aumentou a gravidade do vírus.

    A resistência ao Tamiflu já havia sido registrada anteriormente com o vírus da gripe aviária H5N1.

    (Reportagem de Yoko Kubota)

    http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/07/02/japao-registra-1o-caso-de-h1n1-resistente-ao-tamiflu-756621781.asp

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