quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Vietnam confirma novo caso humano. Análise do caso.

A Organização Mundial da Saúde informou hoje que o Vietnam apresentou mais um caso de gripe aviária humana. Trata-se de um homem de 32 anos de idade morador da província de Ninh Binh. Ele desenvolveu os sintomas no dia 05 de fevereiro e foi internado no dia 13, seu estado de saúde ainda é grave. Ele teve contato com aves doentes e mortas antes que os sintomas surgissem. Pessoas próximas a ele estão sendo monitoradas e medidas preventivas já foram tomadas para evitar o surgimento de novas vítimas.
Esse é o segundo caso humano de gripe aviária este ano no Vietnam. Este caso merece uma análise mais detalhada. Apesar de não termos acesso as pesquisas realizadas nem aos relatórios médicos deste caso no Vietnam, podemos inferir algumas coisas. Cruzando os dados da OMS com os dados da OIE vemos que o último surto ocorrido na província de Ninh Binh foi em 22 de fevereiro de 2008, um ano atrás. Desde então Ninh Binh não apresentou novos surtos em aves. Então como pode um homem de Ninh Binh ter se infectado com o H5N1 devido a contato com aves doentes e mortas se esta província não apresenta casos em aves desde 2008? Aqui se apresenta duas hipóteses:

1 - O Vietnam não tem conhecimento de todos os focos de H5N1 e Ninh Binh vem apresentando focos de gripe aviária desde 2008 sem que as autoridades tenham conhecimento.

2 - O homem se infectou em outra localidade. Ninh Binh não faz fronteira com nenhuma província que apresenta surtos aviários em andamento, no entanto está próxima a três províncias que apresentam surtos em andamento. Se o caso for este, o caso corrobora com as indicações das autoridades Vietnamitas de que a principal fonte de novos surtos em aves são exatamente os seres humanos, sejam transportando aves infectadas, ou devido ao transporte de equipamentos, roupas e insumos contaminados, além é claro da contaminação dos próprios veículos utilizados para estes transportes.
O mais provável é de que aconteça as duas hipóteses relatadas acima.

Muitas vezes os pequenos produtores de aves não comunicam as autoridades quando suas aves começam a ficar doentes ou quando surgem aves mortas. Quando isto ocorre, muitas vezes, os produtores tratam de vender seu plantel rapidamente, em muitas ocasiões, por preços baixos, para que sejam minimizados seus prejuízos. Desse modo se perpetuam e se expandem os focos aviários de H5N1 e eventualmente, devido a esta prática, pessoas são contaminadas.

Eu já me deparei com situações semelhantes no Brasil. O Brasil nunca apresentou casos de gripe aviária, mas mesmo assim quando me apresentei para coletar amostras, alguns pequenos produtores não permitiram que fizéssemos nosso trabalho exatamente pelo medo de que fosse descoberto algo e com isso seu plantel fosse sacrificado. Portanto o dinheiro, como sempre, vem antes da saúde.

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